Não basta criar conteúdo, nem convencer: é preciso respeitar a informação
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Todo veterano empreendedor já está convivendo com as novas tecnologias e possibilidades no mundo digital, mas ainda é uma dificuldade entender como chamar atenção em meio a bilhões de informações. Atualmente, segundo dados do Internet Live Stats, são cerca de 3.5 bilhões de buscas feitas no Google por dia.
Se acompanharmos a plataforma diariamente, é possível ver recordes sendo batidos, passando de 4 ou 5 bilhões de buscas por dia. No mundo inteiro, o Google é usado em 78% dos usuários da Internet para fazer uma busca. É muita informação por segundo, por dia, por ano.
Anualmente o Google lança as principais buscas de cada país, divididas por categorias, como Acontecimentos e Filmes. É um estudo importante para vermos as principais tendências do ano e entender o comportamento do usuário na hora da busca e dos interesses no mundo digital.
Por isso a cada dia que passa a informação se torna mais importante, impactante e fundamental no dia a dia das pessoas. O trabalho de chamar atenção não está atrelado somente a convencer o usuário de clicar no seu conteúdo, site, produto ou serviço.
O número de dados aumenta todo dia, mas também a qualidade de conteúdo passou a ser fundamental para ter notoriedade nos buscadores. Vamos explicar isso melhor!
Em qualquer agência de marketing digital que você colocar o pé ou entrar em contato, ela vai te falar sobre SEO e a importância de ranqueamento no Google e outros buscadores. Existem “n” formas de ter mais autoridade e relevância no meio digital e conquistar as primeiras posições.
Alguns anos atrás a ideia era simplesmente criar. “Faça seu conteúdo, crie um canal, faça podcast, esteja por dentro de tudo do seu setor.” Mas pouco se falava sobre filtrar os conteúdos. Criar conteúdo tinha uma ideia bastante imaginativa, no sentido de inventar algo.
O próprio Google ainda não tinha um algoritmo semântico muito instruído em entender níveis de conteúdo e se ele era verdadeiro, de alto nível e com argumentos baseado em fatos, estatísticas, acontecimentos e pesquisas. As coisas passaram a mudar bastante de 2017 pra cá, principalmente durante e após as eleições dos EUA, que deram muito no que falar.
Segundo o próprio CEO do Google, Sundar Pichai, a Inteligência Artificial (IA) “trouxe progressos para nossas habilidades de entender o significado da escala de conteúdo. Estamos nos esforçando para criar alto nível de qualidade e informação precisa viavelmente pronta utilizando IA, enquanto continuamos a respeitar as leis culturais, sociais e legais nos países que operamos”.
É importante aqui entendermos que os algoritmos semânticos recentes possuem justamente tecnologia IA, pois assim conseguem analisar com mais qualidade os sites e entender do que se trata o assunto, ranqueando e de fato julgando o nível de qualidade do conteúdo.
Além disso, melhora também o nível das pesquisas, seja em texto, seja por voz. O erro de um termo facilmente é consertado pelo algoritmo, novas sugestões serão mais atuantes, e o featured snippet se tornou mais cobiçado, pois é o conteúdo orgânico em destaque, que traz um conteúdo rico e relevante.
Conteúdo de qualidade: como fazer
Agregar valor ao seu conteúdo não é uma tarefa fácil e se alguém está vendendo uma fórmula pronta, tome cuidado. Um conteúdo em texto, principalmente, pode ser atualizado, refeito, melhorado, e em casos extremos, sequer existir mais pois tá tudo muito datado e é melhor refazer tudo do zero.
O SEO do ponto de vista do conteúdo está em constante melhoria, principalmente para andar de mãos dadas com as atualizações dos buscadores, com foco no Google. Todo ano há novidades nas buscas, há tendências diferentes, há mais usuários para buscar, novas abordagens de conteúdo e assim por diante.
Mas, nunca esqueça que para agregar valor você não pode apenas ter um tema interessante, nem convencer que seu serviço é muito bom. Você precisa demonstrar isso com fatos. Por que é um tema interessante? Por que as pessoas deveriam assinar um contrato com você? Utilize dados, informações relevantes, contextos históricos, citações de especialistas na área – e que façam sentido!
É preciso correlacionar o seu negócio com a realidade fatídica. Mesmo que seu setor seja muito recente e tem poucos dados estatísticos, traga algo que tenha proximidade, que influencia no seu negócio. Vai alguns exemplos: uma notícia, um dado de uma Associação, Sindicato, grupo especializado.
Andar com a verdade nem sempre te traz os melhores comentários, vide o quanto mídias jornalísticas são atacadas nos dias de hoje. Mas ainda assim é importante pensar na informação como algo que dê credibilidade e relevância, não apenas um rank alto e muitos cliques.
Antes de publicar algo, pare e pense: meu conteúdo é relevante? É confiável? Ele tem evidências empíricas, de pesquisa, fatídicas? O autor usado na citação é um conhecedor do assunto que você está escrevendo? Os links usados são para complementar o conteúdo mesmo ou só para encher linguiça?
O que diz o Google
Para não parecer que estamos tentando apenas te dar uma série de regras para seguir, vamos te trazer o que o Google considera como conteúdo de qualidade e o que ele recomenda – veja bem, não é uma obrigação, mas sim dicas de boas práticas.
No texto do blog oficial do Google eles especificam uma série de atividades que um criador de conteúdo deve se ater ao publicar um texto/mídia de conteúdo. Apesar de ser uma postagem fundamental para o redator e chefe de comunicação em si, também é importante que donos de empresas e autônomos comecem a olhar com isso com mais atenção, pois o Google também está avaliando a qualidade.
Além da qualidade, a busca da verdade
E não apenas a qualidade da escrita, semântica e análise de SEO. Aqui entra um ponto crucial que está mudando o mundo inteiro: fake news. Elas não passaram a existir hoje, as mentiras sempre estiveram presentes principalmente na área política, desde muito, muito tempo. Mas a fake news se tornou uma pedra no sapato pior com o ambiente digital, pois com ela veio a pós-verdade.
Não queremos entrar em detalhes comportamentais dos usuários na Internet e nem culturais e sociais. Há uma extensa bibliografia falando sobre fake news e pós-verdade, entre eles materiais do jornalista britânico Matthew D’Ancona e outros autores, como Ralph Keyes e Lucia Santaella.
Mais recentemente autores brasileiros se juntaram para fazer a publicação da Editora Veneta: Desinformação: crise política e saídas democráticas para as fake news. O assunto ainda está bastante em voga na questão política, muito mais por conta das polêmicas envolvendo Trump, mas aos poucos está saindo e chegando ao campo corporativo de forma global.
Bom, mas voltando ao Google. Segundo eles, a sugestão para os sites que querem melhorar em desempenho – entendam que se trata de autoridade, ranqueamento e qualidade do conteúdo – é “concentrar os esforços em proporcionar o melhor conteúdo possível. Essa é a prioridade dos nossos algoritmos.”
E para fazer o melhor conteúdo o Google diz que o primeiro passo é reler as orientações já publicadas sobre como avaliar a qualidade do conteúdo. Aqui então vale fazer aquela varredura completa no Blog de Webmasters do Google, certo?
Como a postagem do Google é bastante completa e linkamos para que você leia com calma, vamos adicionar apenas alguns questionamentos usados na publicação deles para que você pense melhor no que quer dizer trabalhar com um conteúdo confiável e de qualidade.
- Você esperaria ver esse conteúdo em uma revista, enciclopédia ou livro impresso?
- O conteúdo apresenta as informações de maneira confiável, com indicação clara da fonte, evidências do uso de conhecimento especializado e dados sobre o autor ou site da publicação (como links para uma página de apresentação)?
- O material é escrito por um especialista ou entusiasta que comprovadamente conhece bem o tema?
- O conteúdo tem erros factuais que podem ser facilmente verificados?
- Você confiaria neste conteúdo quanto a questões relacionadas às suas finanças ou sua vida?
Evitando fake news no Google
Como o assunto está bastante atual e vem influenciando uma série de pessoas e a opinião pública, o Google não podia simplesmente se isentar dessa discussão e sair de fininho. Não só o Google vem sendo cobrado para avaliar e ter mais cuidado na publicação de mentiras, mas também o Facebook, Twitter e Instagram.
Com isso, o Google criou uma ferramenta de Dados Estruturados – conhecida também por ClaimReview – para que os programadores/desenvolvedores adicionem nos sites de agências, empresas e portais. Esses dados estruturados não são restritos aos jornais, revistas e portais de notícia, mas a qualquer site que cria conteúdo.
Segundo o Google, os “dados estruturados de ClaimReview podem permitir que uma versão resumida da checagem de fatos seja exibida nos resultados da Pesquisa Google quando sua página aparecer nos resultados da pesquisa”.
Além de usar essa ferramenta, qualquer usuário pode usar o algoritmo Rich Results Test, utilizando uma URL ou editando mesmo diretamente no HTML. Ainda acha que está muito difícil usar o Google Rich Results e quer algo mais simples?
O Google criou um buscador que faz uma pesquisa com links e conteúdos já atestados como verdade. Ele se chama Fact Check Tools (em português seria Ferramenta de Checagem de Fatos).
Levar em consideração todas essas questões é primordial para que seu negócio não seja afetado. Sua marca pode não apenas ser atingida por uma mentira (ataques de grandes influenciadores, acusações sem evidências etc), mas também cair em uma fake news e publicar algo baseado em mentira.
As mídias sociais não perdoam mais esses tipos de perfis, então nenhuma empresa quer ser conhecida por propagar notícias falsas, conteúdos mentirosos facilmente verificáveis por fontes confiáveis, entre outras questões. Então lembre bem as principais questões na hora de escrever. Se questionar é o primeiro passo para criar um bom conteúdo.
- Escrevo pensando em informar ou citar algum interesse pessoal?
- Consigo diferenciar opinião de fatos para escrever um texto?
- Se uma pessoa totalmente credenciada na área avaliou meu texto e encontrou erros básicos de dados, informações, vou checar e procurar melhorar ou manter a “minha verdade”?
- As pessoas vão acreditar em mim ou não informação dada?
- Devo entender melhor o que é informação confiável se eu quero criar conteúdo?
Esse tema ainda estará presente em 2020 e nos próximos anos, então se prepare que muitas agências de marketing vão também falar disso e reforçar a criação de conteúdo de qualidade.